Abrangendo responsabilidades sociais, ambientais e de governança, a famosa sigla ESG – do inglês Environmental, Social and Governance – tem construído novas perspectivas às produtoras e produtores do País e gerado uma atenção especial quanto a implantação de tecnologias em busca de alcançar esses pilares, especialmente questões ambientais.
Mas, afinal, quando o assunto é tecnologia, qual a primeira coisa que vem à sua mente? Softwares, sistemas automatizados, drones? Apesar de não estar errado, o conceito não se resume somente a isso.
Cada vez mais presente no dia a dia dentro da porteira, a tecnologia está, também e principalmente, nos detalhes. Desde técnicas para intensificação do solo, aplicação do Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP), até a rotação de pasto e sistema de captação e armazenamento de água, por exemplo.
A união entre tecnologia e sustentabilidade na prática
Quando paramos para analisar as ações feitas dentro das propriedades, vemos que, na realidade, elas já acontecem muito antes de receberem nomes e siglas. Um exemplo disso são as práticas que ocorrem, desde 2002, na Fazenda Marupiara, no Pará.
A proprietária Heloísa Costa conta que, junto ao marido, sempre tiveram a ideia de consolidar um novo estilo de vida por meio do que chamam de pecuária de princípios. “Com esse viés, nós buscamos, diariamente, continuar integrando as práticas e tecnologias que levam a uma produção consciente e sustentável, como enriquecimento florestal com espécies diversificadas, bem-estar e sanidade animal, implementação do sistema ILP, todos os colaboradores com seus direitos garantidos, além da disponibilização de programas e cursos, inclusive para suas famílias.”
Outro ponto importante e muito discutido atualmente é o aumento da produção sem a necessidade de ocupar mais área. E isso a Marupiara também tira de letra!
“Como nós fazemos a análise e intensificação do solo, conseguimos ter mais animais sem precisar de mais espaço, ou seja, apenas cuidando, cultivando o que já temos disponível. A gente realmente trata o capim como uma lavoura. Do mesmo jeito que eu planto o milho, eu planto o capim. Então hoje, se formos analisar, minha riqueza está toda embaixo da terra, no solo”, explica Heloísa.
Mas, claro que, além dessas tecnologias, há também aquelas tradicionais, automatizadas, para reforçar ainda mais a pecuária de princípios. “Nesse sentido, o que mais utilizamos são os drones, para aplicação de fungicidas e monitoramento da propriedade, e a balança automatizada que, por meio de um sistema, disponibiliza relatórios com todas as informações necessárias”, diz.
Presente e futuro
Apesar de serem mudanças que têm ganhado espaço no agronegócio, a produtora ressalta que ainda há muito a ser feito. “Pelo menos na minha percepção aqui no Pará, ainda tem muitos produtores que não entendem que estamos, de fato, em uma mudança de cenário. Mas não tem como eles correrem, esse é o futuro. Até porque o mercado mundial está pedindo isso. Então, ou a pessoa se adequa ou arrenda a terra e sai do mercado”, finaliza.
Um outro exemplo que tivemos o prazer de conhecer foi a Fazenda África, dos proprietários Rossana e Ricardo Abud. Localizada na zona rural de Teresina (PI), a propriedade tem apenas dois anos, mas já se destaca no desenvolvimento, com tecnologia e práticas sustentáveis.
“Falando em bem-estar animal, por exemplo, contamos com um curral que oferece um manejo sem estresse e orientamos nossos colaboradores para todo o cuidado durante esse processo. Além disso, também fazemos o reflorestamento de árvores nativas, contamos com um sistema de manejo do capim plantado, fazemos o reaproveitamento de resíduos, controle biológico com produtos naturais e sistema de captação da água da chuva, para ser utilizada na irrigação por gotejamento”, explica Rossana.
“Sustentabilidade não é apenas uma palavra bonita. E estamos cada vez mais com essa capacidade de produzir alimento para o mundo. Somos um dos maiores exportadores de grãos e carnes, então nós temos essa responsabilidade social, ambiental e econômica.”
A produtora também é membro da primeira Comissão Nacional das Mulheres do Agro, promovida pelo sistema CNA/Senar e, junto à nossa embaixadora da região Nordeste, Ani Sanders, continuarão na missão de serem o elo entre produtores rurais e todos que fazem parte da cadeia produtiva, fomentar o protagonismo feminino no setor e abrir espaço a quem movimenta, todos os dias, o desenvolvimento do nosso país.
“Temos que ter voz, mostrando que somos produtores responsáveis, falando de toda a mudança que vem sendo promovida com a união de tecnologia e sustentabilidade. Nós fazemos uma pecuária sustentável e, quem não faz, está com os dias contados”, encerra.
Ah! E se você ficou curiosa (o) com o nome da fazenda, nós te explicamos: o casal viveu mais de 12 anos em diferentes lugares no continente africano e, por conta do amor e todas as experiências que viveram durante esse tempo, decidiram fazer esta singela e significativa homenagem.
Para conhecer mais, acesse: https://www.instagram.com/fazendaafrica/