Brasil: a maior potência agroenergética do mundo

27/10/2023

Brasil: a maior potência agroenergética do mundo

O painel “Brasil, a Maior Potência Agroenergética do Mundo” foi realizado no segundo dia do 8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – CNMA (26/10), e contou com a moderação do sócio da DATAGRO, João Figueiredo, bem como apresentação do diretor da MWM Motores e Geradores, Cristian Malevic; do ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho de Administração da APROBIO, Francisco Turra; do diretor de Economia e Inteligência Estratégica da ÚNICA, Luciano Rodrigues; e da chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer. 

O Brasil segue como um dos grandes protagonistas em agroenergia no mundo e a integração das cadeias será uma vantagem competitiva para o País nos próximos anos. “Neste cenário, a integração das cadeias será uma grande vantagem competitiva para o Brasil. E o biocombustível ganhou novo destaque com a volta do RenovaBio, que nos três primeiros anos já descarbonizou mais de 100 milhões de toneladas de carbono”, pontuou o sócio da DATAGRO, João Figueiredo. 

Ainda, segundo Figueiredo, o biocombustível tem um papel muito importante não apenas de energia limpa, “mas também o de fomentar a economia circular, colocando o Brasil no epicentro das discussões”. 

O painel foi aberto pela chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer, que destacou a preocupação brasileira com o uso de energia proveniente de matriz limpa. “A transição energética no Brasil está sendo muito requisitada pelos Ministérios e pelo setor privado. A população também está olhando para as empresas e governo, buscando conhecer como agimos em detrimento dessa nova demanda. Outra boa notícia é que a busca por energia limpa está se alastrando para outros setores, seja na reciclagem ou bioeconomia com o uso de alguns resíduos da agricultura para compor o biocombustível”. 

“O foco hoje está em trabalhar remuneração ecológica e políticas públicas, indo ao encontro da missão do RenovaBio, um programa de sucesso que foi bem estabelecido, baseado em análise de ciclo de vida e que analisa a cadeia como um todo, buscando uma maior diversificação dos combustíveis e a criação de ideias para reduzir a pegada de carbono. A sustentabilidade é intrínseca no Brasil e, infelizmente, muitas vezes não nos apropriamos dela. Precisamos ter métricas bem estabelecidas que possam ajudar na construção de políticas públicas efetivas”, falou Paula Packer. 

O ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho de Administração da APROBIO, Francisco Turra, começou sua apresentação destacando o tema do evento “dobrar o agro com sustentabilidade”, afirmando ser possível aumentar o tamanho do setor, que já produz mais de 1 bilhão de toneladas em produtos. 

“O mundo tem uma imagem do Brasil muito melhor do que imaginamos. Hoje a reserva da agricultura sustentável está aqui, não há mais espaços no planeta, exportamos para 160 países. Mesmo com a guerra no Oriente somos chamados à exportar para a Argélia, Egito e Vietnã. A China voltou, recentemente, a realizar inspeção de nossas plantas, isso porque o mundo precisa de alimentos”, afirmou Turra. 

Ainda, segundo o ex-ministro, o Brasil pode ser protagonista também na geração de energia limpa. “Apenas como exemplo, geramos por ano mais de 3.600 horas de sol, em um país tropical com 24 graus em média e expert em agricultura tecnológica”. 

O diretor de Economia e Inteligência Estratégica da UNICA, Luciano Rodrigues, afirmou que a indústria sucroenergética do Brasil transpôs a barreira de fornecedor de alimento. A cana-de-açúcar saiu das regiões tradicionais e chegou ao Centro-Oeste e Centro-Sul, em termos de portfólio alterou de forma significativa os produtos fornecidos e, há alguns anos, já agregava a bioenergia. 

“O setor sucroenergético tem um movimento muito forte de produção de biogás e biometano, é exemplo de economia circular extraindo biogás para gerar energia elétrica que, no final do processo, retorna como biofertilizante. Temos ainda grandes oportunidades pela frente, como o uso dessas soluções nos setores de aviação e marítimo de baixo carbono”, explicou Rodrigues. 

Ainda, segundo o diretor da ÚNICA, é importante que a indústria passe a disseminar esse conhecimento para outros países do sul global para promover a produção de biocombustível e etanol. 

Para o diretor da MWM Motores e Geradores, Cristian Malevic, o agro é dependente de energia em seu processo de produção e apenas o uso de biocombustíveis não é suficiente para atingir suas metas. “Os combustíveis fosseis continuarão sendo importantes para garantir a produtividade do setor, além disso, possibilita que a indústria faça uma transição segura de energias no campo. Carecemos de estrutura no Brasil, nossa energia elétrica é muito limpa, mas ela não chega ao campo”. 

Neste contexto, a indústria segue investindo em pesquisas dos fósseis, uma vez que são fundamentais para o mundo. “Sobre o clima, a indústria tem baseado novas pesquisas em bioenergia sem comprometer a produtividade do agro, pois não podemos pensar em novas tecnologias que aumentem o preço do alimento. Hoje a indústria e o agro trabalham unidos para evitar o aumento do custo de produção”, finalizou Malevic.