“Saúde e sabor, a Gastronomia do Brasil para o Mundo” foi o tema de uma das mesas-redondas do segundo dia da 8ª edição do CNMA. Moderado pela vice-presidente da Comissão Semeadoras do Agro da FAESP, Juliana Farah, o painel trouxe histórias inspiradoras de como a gastronomia brasileira, aliada ao turismo, pode gerar impactos sociais e econômicos com sabor, cultura e saúde.
Andrea Squilace de Carvalho, criadora e gestora do Roteiro Turístico do Café – do Genoma à Xícara, compartilhou a essência do roteiro, realizado em Santo Antônio do Pinhal, que conta todo o caminho que o café percorre até à xícara sob o viés histórico – e que carrega a presença feminina nas lavouras.
“Sempre trabalhei com o café e, atualmente, com o especial, temos um produto diferenciado com mais qualidade e, consequentemente, mais saúde a quem consome”, resume Andrea. Atualmente, a região de Pinhal é uma das 15 Indicações Geográficas (IGs) de café chanceladas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPE) – o que dá maior visibilidade a um produto e que protege as suas características únicas.
“O Brasil é o maior produtor de café do mundo. O brasileiro precisa se apropriar disso e ter orgulho”, comentou Andrea.
Sobre a valorização do produto nacional, Célia Carbonari, sócia da Vinícola Villa Santa Maria, em São Bento do Sapucaí, compartilhou a sua experiência e sua trajetória sobre a produção de vinhos nacionais. Célia contou que começou o seu negócio do zero. Era um projeto pessoal e familiar que, a longo prazo, foi “ganhando corpo”.
A produção do vinho foi iniciada em 2004 e, em 2018, a vinícola decidiu receber as pessoas para o turismo. Mas, dois anos depois, a pandemia frustrou um pouco os planos iniciais. No entanto, para Célia, o período foi também um divisor de águas.
“Até 2018, havia uma rejeição ao vinho brasileiro, que era visto até como “piada”. No pós-pandemia, as pessoas começaram a ‘olhar para dentro’. Com as fronteiras fechadas, os turistas passaram a apreciar os pontos do nosso próprio país. Desta forma, a história foi sendo transformada e começamos a entrar no roteiro do vinho nacional”, compartilhou.
Em construção
“Por muito tempo, o vinho nacional era visto como ‘vinho de estudante’. Essa percepção e, de certa forma, preconceito tem mudado. O brasileiro não dava importância aos produtos nacionais, mas isto tem se transformado”, opinou a gerente do escritório regional do Sebrae-SP, Gilvanda Figueroa.
Neste sentido, Gilvanda comentou que um dos apoios do Sebrae junto aos produtores é auxiliá-los na criação de produtos com a chancela IG como transformação dos negócios.
De acordo com o Mapa, no Brasil, há mais de 60 IGs registradas para produtos como vinhos, queijos, calçados, artesanatos, aguardente e café. Essa proteção e visibilidade dada por uma IG permite que os produtores desenvolvam ações de promoção dos seus produtos, com potencial de agregação de valor, podendo alcançar mercados específicos, movimentar o turismo e a gastronomia local, entre outros potenciais benefícios.
O painel contou ainda com a participação de Marcello, Brito, conselheiro da CBKK S.A., que compartilhou o case Chocolate De Mendes. Brito explicou que a CBKK investe em pequenos negócios que tenham algumas premissas, entre elas: impacto social, geração de valor e olhar para o futuro, como é o caso do Chocolate De Mendes – que compra cacau nativo da Amazônia, de comunidades indígenas, de mulheres e ribeirinhos para a produção das barras de chocolate.